topo
linha2

Fotogaleria

Content on this page requires a newer version of Adobe Flash Player.

Get Adobe Flash player

 
» Home » Crónicas e Artigos »Ermelindo Ávila » Na ilha do Pico, é proibido adoecer!

 

Na ilha do Pico, é proibido adoecer!

 

Pelo menos é o que se deduz das medidas tomadas pelos Serviços tutelares da saúde ou a promulgar.  Principalmente de noite, fica proibido adoecer em casa, a menos que o paciente se queira sujeitar a passar as estradas da ilha em correrias até ao Centro eleito para acolher doentes urgentes desde as 8 horas da noite. (No verão o sol ainda vai alto...)

Parece impossível que, neste século vinte e um, se trate o doente de maneira tanto arcaica e melindrosa.

Antigamente, meio século atrás, essa medida seria tolerada, pois a ilha só tinha três médicos, um em cada sede de concelho, e não  dispunha de estabelecimentos hospitalares de qualquer grau de valimento.

Com o estabelecimento dos, então classificados, hospitais sub-regionais,  o sistema de assistência aos doentes modificou-se, totalmente. Primeiro, foi construído o hospital de São Roque, dedicado à Rainha Santa Isabel. Para a sua administração foi criada a Misericórdia que, até então, não existia.

Na Madalena, havia o legado Terra Pinheiro e um espaçoso terreno, que nunca foram utilizados. Jacinto Ramos, então funcionário naquela Vila, promoveu a criação da Misericórdia e conseguiu que o banco respectivo lhe entregasse o depósito legado. Nisso teve grande influência o Governador de então.

O terreno escolhido e aprovado para o hospital das Lajes não  agradou ao Ministro das Obras Públicas, na sua passagem pela ilha, e outro houve de ser escolhido. Mas esse não comportava o edifício projectado. O respectivo projecto foi cedido à nova Misericórdia da Madalena, pois ali não havia dificuldades de terreno.

Entretanto, a Comissão de Construções  Hospitalares  elaborou novo projecto, de dois pisos. A Misericórdia promoveu a expropriação do terreno, a obra foi adjudicada em concurso público e os serviços assistenciais tiveram início no dia 1 de Janeiro de 1960, com a proficiente  orientação técnica do respectivo Delegado de Saúde e Médico Municipal, Dr. Cardoso de Campos.

O hospital sub-regional, como se classificava, dispunha de maternidade, clínica geral e banco de tratamentos. E funcionou regularmente. Os serviços de maternidade eram bastante procurados e algumas centenas de crianças ali nasceram.

Desapareceu a maternidade. Deixou de haver o serviço de análises, com a aposentação do respectivo analista. Parece que agora as análises requisitadas pelos médicos do Centro de Saúde das Lajes passaram a ser feita no centro - hospital da Madalena. Um progresso, não haja dúvidas...

Privado assim de alguns meios de diagnóstico, o centro de saúde quase passou a um simples consultório, embora  com internamento.

Criado pela Revolução de 1974 o serviço de Médicos à Periferia, alguns deles foram colocados nos três hospitais picoenses, cerca de uma dúzia.

Ainda hoje esse número  se mantêm,( embora a categoria do serviço hospitalar tivesse passado a Centro de Saúde.)  E foi então que o Estado assumiu  a administração  do Centro deixando a Misericórdia, ou todas as Misericórdias do País de ter qualquer interferência nos serviços hospitalares.

Agora, um novo sistema se quer implantar, esquecendo que a população da Ilha vai ficando envelhecida e, consequentemente, mais carecida de assistência médica.

Levar  um doente da Piedade para a Madalena, por mais cómodo que seja o veículo de transporte, não deixa de ser  um tormentoso sistema. Andar mais de cinquenta quilómetros a sofrer  para, talvez se vir a  concluir que o doente tem de continuar a viajar para outra ilha, é uma medida simplesmente desumana, incompreensível e, consequentemente, inaceitável. (Quem  já passou por semelhante situação, pode dar seu testemunho!)

E os médicos e enfermeiros que existem nos centros das Lajes e de São Roque  vão ser concentrados na Madalena?  De quem é a luminosa  ideia?

Naturalmente, de quem nunca passou nem passará por tão angustiosa situação, porque continuará a ter o médico especialista e o hospital ao pé da porta.

Não seria melhor,  mais humano pelo menos , despovoar totalmente as ilhas secundárias e transferir  aqueles que por elas ainda vegetam, para qualquer cidade?  De tudo o que  nos está a acontecer é, pelo menos, esta a ideia que nos fica... 

E os Médicos que exercem a sua actividade no Centro das Lajes, apesar da sua comprovada proficiência, e com eles os pacientes, tudo isto vão suportando. Até quando?

Uma tristeza como dizia o outro...   

Queremos ouvir a sua opinião, sugestões ou dúvidas:

info@adiaspora.com

  Voltar para Crónicas e Artigos

bottom
Copyright - Adiaspora.com - 2007